[Resenha] O Conto da Aia, de Margaret Atwood

 


Editora: Rocco | Autora: Margaret Atwood | 366 páginas | Nota: 5/5 

Sinopse: 

   "Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano."

Autora:

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   Margaret Atwood, autora de "O conto da aia", canadense nascida em 1939, é uma escritora, poeta, critica literária, professora, ativista ambiental e escritora. 
   Desde 1961, já escreveu dezenas de livros, incluindo de poesias, e já recebeu diversos prêmios por eles, como o Booker Prize e o Governor General's Award.
   Além disso, a autora, que vive atualmente em Toronto, é uma defensora dos direitos animais, do feminismo e da participação política.
    Outros romances conhecidos de sua autoria incluem "Olho de Gato", "O Assassino Cego" e "Os Testamentos", sendo que o último, escrito em 2019, é uma sequência de "O Conto da Aia".

Resenha:

   O livro, narrado em primeira pessoa, é uma distopia poderosa que se passa em Gilead, antigo Estados Unidos, o qual passou por uma revolução teocrática, que instituiu um sistema e um governo totalitarista. Devido a uma leitura radical do Velho Testamento e à escassez da fertilidade (consequência da radiação excessiva e dos lixos tóxicos), as mulheres foram excluídas da sociedade e perderam todos os direitos já conquistados, sendo, inclusive, proibidas de ler qualquer coisa. Com isso, elas foram divididas de acordo com o status social e com a capacidade de dar à luz a filhos sadios. As Aias eram as responsáveis por reproduzir, as Tias por educar as citadas anteriormente para servirem e serem submissas, as Esposas por administrar o lar, as Marthas por serviços domésticos, e as Econoesposas por tudo que as outras faziam. Além disso, aquelas de baixo status social que eram também inférteis, juntamente com as que eram contra ao sistema, eram mandadas para as colônias, onde iriam, no geral, para cuidar da limpeza de resíduos tóxicos sem qualquer proteção.
 

   Ademais, a narrativa, além de demonstrar os acontecimentos do presente, também relembra episódios do passado da personagem principal, que perdeu tudo que tinha no novo regime. Como todas as outras Aias, a protagonista teve que usar longos vestidos vermelhos, juntamente com uma touca branca que escondia seu rosto e que a impedia de olhar para os lados, e abrir mão inclusive do seu nome verdadeiro, sendo chamada momentaneamente de Offred (Of, que em português significa "de" + fred, nome da família que ela servia). Outrossim, essas mulheres eram proibidas de ter conversas paralelas que vão além dos cumprimentos adequados pré estabelecidos pelo governo. Dessa forma, tornava-se mais difícil fazer amizades, saber do paradeiro dos outros e criar alianças. 

   Ao transparecer suas emoções e ao ter diálogos com o leitor no decorrer da obra, a narradora cria uma imagem para nós sobre seu passado, como tinha um marido, uma mãe, uma amiga, uma filha e um emprego que amava, e também sobre o que estava acontecendo no momento, depois de ter perdido tudo isso. Agora, como sua única função era a de se reproduzir, ela foi educada a ver seu corpo como impróprio, a não questionar o sistema e a viver para ter um filho, o qual ela daria para seu Comandante e para a esposa dele. Caso fosse contrária a qualquer um desses aspectos, seria, possivelmente, executada ou mandada para as colônias, onde teria uma morte lenta. 
 
   Além disso, a obra é um grito de alerta contra o radicalismo e o fanatismo religioso. Com inúmeras reflexões, é demonstrado como a liberdade deve ser valorizada e, juntamente com os outros direitos humanos, ser assegurada. Apesar de ter sido escrito em 1985, o livro traz consigo diversas situações, que estão ocorrendo atualmente, como aspectos do momento pré-revolução, o que causa um incômodo e um desconforto durante a leitura. Outrossim, é um forte exemplo de como o fanatismo pode anular a verdadeira fé, e de como, muitas vezes, a solução mais rápida pode não ser a mais benéfica.

   Por fim, o livro é uma obra prima da literatura, com uma ótima construção do cenário e dos personagens. Entretanto, a leitura não é rápida, e muito menos descontraída, exigindo uma atenção constante do leitor. Ademais, apesar de ser ligeiramente confuso no início, por misturar o presente com o passado, em poucos capítulos já é possível se acostumar com a escrita da autora. Ainda assim, é uma obra que vale muito a pena ler, por isso, a indico muito para todos que tenham um tempinho sobrando.

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