[Resenha] Auggie e eu, de R.J. Palacio

 

A narrativa "Auggie e eu" é uma extensão do livro "Extraordinário", de R.J. Palacio, o qual foi lançado em 2013, e que, mesmo 7 anos depois de sua publicação, ainda vende milhares de cópias. A nova obra é dividida em três contos, narrados por Julian, Christopher e Charlotte, os quais têm sua história, em algum momento, cruzada pela a de Auggie.

Sinopse

"O capítulo do Julian dá voz a um personagem controverso: o menino que liderava o bullying contra Auggie na escola. Enfim temos a oportunidade de entender o que o levou a agir dessa forma e o que Julian pensa das próprias ações. 

Em Plutão, o narrador é Christopher, o primeiro amigo de Auggie. Os dois meninos compartilham lembranças da infância e, apesar de terem se distanciado, aprendem que boas amizades sempre valerão um esforcinho a mais. 

Shingaling mostra Auggie pelos olhos de Charlotte, a única menina entre as três crianças escolhidas para apresentar a Auggie sua nova escola. Com ela entramos no universo das garotas e vemos como a chegada de Auggie afetou as relações entre elas."

Resenha

Depois de ter terminado de ler "Extraordinário", logo adicionei à minha lista todos os outros livros da coleção. Posto isso, finalmente baixei "Auggie e eu" no Kindle, e, sinceramente, não imaginava que a leitura me emocionaria tanto quanto a primeira obra da autora. A narrativa mostra como a presença de Auggie serviu como catalisador para as mudanças, sutis ou nem tanto, que cada um dos novos protagonistas vivenciou.

A primeira história, narrada pelo garoto que praticava bullying na escola, Julian, de maneira alguma o coloca como vítima de alguma situação, e muito menos justifica suas ações contra Auggie. Entretanto, é inegável que podemos entender melhor suas razões e o porquê de tal persistência.

Ademais, a autora ressalta que ninguém é inteiramente bom ou ruim, mas devemos tomar cuidado para que nossa parte boa prevaleça. Para isso, é necessário ter em mente que, caso tenhamos dúvidas do que é o certo a se fazer, devemos optar sempre pelo caminho da gentileza. 

Além disso, é frisado o quão impactante nossas ações podem ser na vida dos outros. Dessa forma, devemos ter cautela para marcamos apenas positivamente a vida de alguém, buscando ser sempre amigável.

Por fim, é destacado também a importância de pedir perdão e perdoar, para que, assim, seja possível ter um bom recomeço.

Na segunda parte, narrada por Christopher, amigo de infância de Auggie, a autora escreveu uma maravilhosa história sobre a lealdade na amizade.

No percorrer do enredo, podemos acompanhar o desenrolar da amizade dos dois personagens, a qual, por causa do preconceito dos outros, foi difícil às vezes; mas esta consegue sempre vencer as adversidades. Além disso, por narrar alguns acontecimentos antigos, descobrimos mais sobre a infância de Auggie pelo ponto de vista de Chris, incluindo o dia em que ele ganhou sua cachorra, Daisy. 

Ademais, é reforçado a relevância de sermos gentis e de demonstrarmos nosso amor pelas pessoas queridas, uma vez que nunca sabemos o que pode acontecer com elas. 

Por último, cabe frisar que a autora nos lembra da importância de sermos fiéis aos nossos amigos, tanto nas fases boas, quanto nas ruins.

 

A terceira e última parte é narrada por Charlotte, única menina do grupo de boas vindas de Auggie. Nesta, podemos perceber o quanto ela se importa com a opinião alheia no início do enredo, algo que, felizmente, muda ao decorrer da história.

Na narrativa, podemos perceber como alguns mudam suas personalidades para se encaixar em determinado grupo, principalmente na escola. Por isso, esses passam a ter comportamentos que não os são próprios, criando uma barreira que dificulta os outros, que não pertencem ao seu grupo de amizade, a se aproximarem.

Além disso, é destacado como a constância de algo nos faz, muitas vezes, minimizar sua relevância. Com isso, percebemos sua importância apenas com sua perda, o que deveria mudar.

Por fim, é necessário ressaltar que a autora fez uma ótima construção da protagonista, uma vez que podemos perceber claramente seu amadurecimento ao longo do enredo. Posto isso, é possível observar sua mudança gradativa de "garota legal", no início da história, para "gentil", no final.

Em suma, cabe frisar que R.J. Palacio teve êxito em escrever três ótimos contos, os quais reforçam a importância da gentileza, da amizade e da família. Ademais, o livro não deixou a desejar, sendo tão comovente quanto a primeira obra, "Extraordinário".

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