[Resenha] Em algum lugar nas estrelas, de Clare Vanderpool

 

Título original: Navigating Early

Editora: DarkSide Books

Número de páginas: 288

Data de publicação: 2013/ 2016 (essa edição)

Autora: Clare Vanderpool

Onde comprar: Amazon (livro capa dura + brinde)

Sinopse da editora:  

A Segunda Guerra Mundial estava no fim, mas Jack não tinha motivos para comemorar. Sua mãe morreu e seu pai... bem, seu pai nunca demonstrou se preocupar muito com o filho. O garoto é então levado para um internato no Maine (o mesmo estado onde vivem Stephen King e boa parte de seus personagens). O colégio militar, o oceano que ele nunca tinha visto, a indiferença dos outros alunos: tudo aquilo faz Jack se sentir pequeno. Até ele conhecer o enigmático Early Auden.

Early, um nome que poderia ser traduzido como precoce, é uma descrição muito adequada para um prodígio como ele, que decifra casas decimais do número Pi como se lesse uma odisseia. Mas, por trás de sua genialidade, há uma enorme dificuldade de se relacionar com o mundo e de lidar com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor.

Obsessivo, Early Auden tem regras específicas sobre que músicas deve ouvir em cada dia da semana: Louis Armstrong às segundas; Sinatra às quartas; Glenn Miller às sextas; Mozart aos domingos e Billie Holiday sempre que estiver chovendo. Seu comportamento é um dos muitos indícios da síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo que só seria descoberta muito tempo depois da Segunda Guerra, e que inspirou personagens já clássicos como o Sr. Spock (Star Trek), o Dr. House e Sheldon Cooper (The Big Bang Theory).

Quando chegam as festas de fim de ano, a escola fica vazia. Todos os alunos voltam para casa, para celebrar com suas famílias. Todos, menos Jack e Early. Os dois aproveitam a solidão involuntária e partem em uma jornada ao encontro do lendário Urso Apalache. Nessa grande aventura, vão encontrar piratas, seres fantásticos e até, quem sabe, uma maneira de trazer os mortos de volta – ainda que talvez do que Jack mais precise seja aprender a deixá-los em paz.

Minha opinião:

Admito que eu não sabia muito sobre a história antes de começar a ler o livro, por isso o enredo foi uma surpresa para mim. Narrado por Jack, um garoto de 13 anos que perdeu a mãe e que não é muito próximo do pai, a trama se inicia com a mudança dele para um colégio interno no Maine, bem longe da sua cidade natal, o Kansas. Chegando lá, ele se sente pequeno e completamente perdido, além de sentir culpa pela morte da mãe. Depois de um tempo, acaba se aproximando de Early, um garoto peculiar, considerado estranho para os demais alunos, e que também conhecia muito bem a dor de perder algum ente querido.

Early, fascinado pelo número Pi (3,14...), conseguia enxergar formas e histórias ao lê-lo, e estava empenhado a achar o protagonista dessa história depois dele ter sido considerado perdido e finito por um matemático. Com isso, ele resolve partir em uma cruzada para encontrá-lo, na qual Jack resolve ir também, não por acreditar no amigo ou achar uma boa ideia, mas sim por não querer ficar sozinho na escola durante o feriado.

A trama de Pi acaba se tornando uma segunda história dentro da narrativa principal, apresentando muitas semelhanças com a jornada dos dois garotos. Apesar de algumas dessas coincidências serem um pouco forçadas e irreais, são elas, juntamente com as inúmeras metáforas, que tornam o livro tão diferente dos outros que eu já li. Além disso, pode-se perceber que tanto Pi, quanto os dois garotos, estão em uma jornada de autoconhecimento e de superação.


No decorrer da cruzada, o livro trata muito bem sobre o luto e o sentimento de culpa, além de mostrar o amadurecimento dos dois personagens principais, ou três, se você também contar com o Pi. Ademais, ao compartilhar inúmeras aventuras, Jack passa a considerar Early seu amigo, apesar de no início o achar maluco e irritante, e, com isso, podemos ver uma bela e fofa amizade se formando, na qual um salva o outro constantemente.

Com personagens incríveis e bem desenvolvidos, além de ilustrações internas e abertura de capítulos lindas, o livro pode agradar leitores de todas as idades. Cabe ressaltar que, ao ler ele, é importante prestar atenção nos detalhes, uma vez que todos eles se encaixam no final, com alguns sendo inclusive constados  na nota da autora. Por fim, é uma obra que eu recomendaria a qualquer um que busque uma leitura surpreendente e diferente.



Sobre a autora:

"Clare Vanderpool cresceu lendo livros em lugares incomuns: vestiários, banheiro, andando pela calçada (às vezes, dando com a cara em postes), igreja, aula de matemática. Ela desconfia que alguns professores sabiam que ela escondia um livro atrás do livro da escola, mas os bons nunca falaram nada. 

Clare foi a primeira autora estreante a receber o cobiçado prêmio John Newbery Medal de mais distinta contribuição para a literatura infantil norte-americana, da American Library Association, por Minha Vida Fora dos Trilhos. Seu segundo romance, Em Algum Lugar nas Estrelas (DarkSide® Books, 2016), foi eleito um dos Printz Honor Books em 2014. 

Atualmente, Clare mora em Wichita, Kansas, com o marido e os quatro filhos do casal."

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